História Bancária do México, 1821-1915
Nesta seção buscamos oferecer um guia interativo, acessível ao público, para conhecer e aprofundar na história bancária do México no século XIX. Com este objetivo, enquanto nosso visitante se familiariza com o tema através de uma breve explicação geral sobre a reorganização financeira do país após a independência, o convidamos também a consultar a bibliografia especializada sobre os temas abordados, conhecer as moedas do período, acessar os documentos clássicos digitalizados e baixar algumas das estatísticas históricas que os especialistas reconstruíram e que nós compilamos.
Os desafios financeiros da independência
Uma vez que a ordem colonial e a estabilidade financeira a ela associada – cobrança eficiente de impostos, circuitos de crédito funcionais e moeda forte – foram suprimidas, as novas autoridades enfrentaram, pelo menos três tarefas-chave inter-relacionadas nas finanças do país: reorganizar as finanças públicas, promover condições favoráveis de crédito e recuperar a confiança do público em dinheiro (metálico e fiduciário).
As primeiras experiências bancárias no México tentaram responder a essa problemática trindade, indissoluvelmente amalgamada. Seria ocioso explicar aqui abstratamente os termos desta unidade complexa, o percurso histórico demonstrará melhor. Pedimos paciência se inicialmente, antes do surgimento dos bancos, parecer que dedicamos muita atenção a questões tributárias e de dívidas.
Do Primeiro Império à Intervenção Francesa (1821-1867)
O movimento pela independência conquistou muitas simpatias ao usar slogans anti-fiscais e denunciar as onerosas cobranças dos monarquistas. Com a criação do novo governo, a redução de impostos se tornou inevitável. No entanto, a redução de impostos trouxe a virtual falência do novo Estado. Iturbide, imperador do México, procurou superar essa fragilidade fiscal com a emissão de papel-moeda. Assim, em 1822 foi decretado a criação das primeiras moedas nacionais, que seriam validadas em 1823.
A proclamação da república em 1824 não modificou a frágil situação fiscal do Estado. Para enfrentar seu déficit, o governo contratou empréstimos estrangeiros (principalmente com os ingleses). Contudo, a crise europeia de 1825-26 levou à promoção do endividamento interno; aparecem em cena os chamados agiotas, credores do governo que cobravam taxas de juros muito altas e especulavam sobre o descrédito dos títulos públicos, que eram instrumentos de moeda fiduciária.
Em 1829, os cofres do tesouro estavam no seu ponto mais baixo. Na tentativa de contrabalançar uma situação tão lamentável, o governo de G. Victoria começou a cunhar moedas (em vez de utilizar a prática de emitir o dinheiro fiduciário de papel-moeda, que estava bastante desvalorizado). Mas, como alternativa à prata (produto de exportação indispensável), estas moedas foram cunhadas em cobre não confiável.
Entre 1830 e 1832, durante o chamado governo Alamán, de fato sob o comando de A. Bustamante, as receitas tributárias começam a crescer como resultado presumível da recuperação econômica do pós-guerra em geral e da reabilitação dos impostos comerciais. E talvez também como reflexo de um processo inflacionário, potencializado pela cunhagem de cobre.
Esses impostos deveriam ser implementados buscando não confrontar a ideologia liberal da independência. Portanto, deveriam tributar principalmente o comércio exterior (importações), sob a alegação de que isso protegeria os produtores domésticos. Com a receita gerada pela alfândega, o governo Bustamante previu a criação de um banco para financiar a produção doméstica; o governo Alamán tinha interesse em promover a indústria e, com esse objetivo, criou o Banco de Avío (1830-1842), , de fato o primeiro banco de desenvolvimento.
Os Os regulamentos do regime e governo interno do Banco de Avío (1830) podem ser consultados e baixados, bem como a monografia clássica de R. Potash A fundação do Banco de Avío, em Carlos Marichal, comp., A economia mexicana nos séculos XIX e XX (México: El Colegio de México, 1992), pp. 37-54..
CUADRO 41. Préstamos otorgados por el banco de Avío, 1830-1840 | ||||||
Grupo | Año | Persona o compañía a la que se otorga el préstamo | Tipo de negocio al que se debía aplicar el préstamo | Ubicación del negocio en cuestión | Importe aprobado | Importe entregado |
﴾1﴿ | 1831 | E. de Antuñano y Cía. | Textiles de algodón | Puebla | 176,000 | 146,000 |
1832 | Cía. Industrial de México | Textiles de algodón | Tlalpan | 131,000 | 91,000 | |
1831 | Cía. Zacualpan de Amilpas | Fundición de hierro | Cuautla | 68,000 | 68,000 | |
1837 | Lucas Alamán | Textiles de algodón | 120,000 | 60,000 | ||
1838 | Welsh y Cía. | Textiles de algodón | 56,000 | 56,000 | ||
1835 | Ramón Pardo | Tejidos de algodón | 50,000 | 50,000 | ||
1835 | Victoriano Roa | Textiles de algodón | 50,000 | 50,000 | ||
1835 | Santiago Aldazoro | Textiles de algodón | 40,000 | 40,000 | ||
1838 | Saracho, Mier y Cía. | Fundición de hierro | 40,000 | 40,000 | ||
1832 | Cía. Industrial de Querétaro | Textiles de lana | Querétaro | 30,000 | 30,000 | |
1830 | D. Lazo de la Vega | Sericultura | Celaya | 24,590 | 24,590 | |
1835 | Luis Ruiz | Despepitador y aserradero | 30,000 | 20,808 | ||
1835 | J.R. Pacheco | Fábrica de papel | 20,000 | 20,000 | ||
1835 | Antonio Prieto | Cultivos de lino y seda | 15,000 | 15,000 | ||
1835 | J.R. Pacheco | Taller de blanquear cera | 10,000 | 10,000 | ||
1832 | Cía. Industrial de Celaya | Textiles de algodón | Celaya | 15,000 | 10,000 | |
1832 | Francisco Puig | Textiles de lana | Puebla | 10,000 | 10,000 | |
1840 | J.I. Guerrero | Textiles de algodón | 6,000 | 6,000 | ||
1831 | Pascual Sánchez | Apicultura | Cuernavaca | 5,000 | 5,000 | |
1839 | Cía. Vidriera de Puebla | Fábrica de vidrio | Puebla | 10,000 | 4,167 | |
1840 | J.J. Díaz | Sericultura | 4,000 | 4,000 | ||
1831 | Cía. Industrial de Tlanepantla | Abejas, lino, moreras | Tlanepantla | 3,330 | 3,330 | |
1830 | Vicente Casarín | Aserradero | Ciudad de México | 3,000 | 3,000 | |
1836 | Gral. M. Arista | Implementos agrícolas | 2,000 | 2,000 | ||
1831 | Vicente Casarín | Ornamentos para edificios | Ciudad de México | 1,500 | 1,500 | |
1835 | Carlos Sodi | Despepitador | 32,000 | 1,200 | ||
1840 | J. Font | Textiles de lana | 1,000 | 1,000 | ||
1831 | Agustín Vallarta | Apicultura | Xochimilco | 3,000 | 600 | |
1840 | J.F. Samudio | Fundición de hierro | 500 | 500 | ||
﴾2﴿ | 1835 | Gral. Guadalupe Victoria | Agricultura | 100,000 | 0 | |
1835 | Juan Icaza | Aserradero | 50,000 | 0 | ||
1835 | Luis Bracho | Aserradero | 40,000 | 0 | ||
1835 | Hospicio Puebla | Fábrica de papel | 40,000 | 0 | ||
1835 | Lucas Alamán | Fábrica de papel | 20,000 | 0 | ||
1836 | George Ainslee | Taller de tejidos (mecanización) | 20,000 | 0 | ||
1836 | José Fauré | Fábrica de tejidos | 20,000 | 0 | ||
1835 | Gral. J. Tornel y M. Escandón | Fábrica de papel | 20,000 | 0 | ||
1836 | Gral. M. Barrera | Textiles de lana | 16,000 | 0 | ||
1835 | Lucas Alamán | Textil de algodón | 12,000 | 0 | ||
1835 | Mariano Domínguez | Tejidos de algodón | 8,000 | 0 | ||
﴾3﴿ | 1835 | Cía. de Tlalpan | Textil de algodón | 40,000 | ? | |
1835 | M. Miranda y A. Padilla | Textil de algodón | 25,000 | ? | ||
1836 | Agustín Montiel | Fábrica de vidrio | 10,000 | ? | ||
1835 | Ignacio Leal | Tejidos de algodón | 8,000 | |||
FUENTES: Potash. 1986, pp. 100, 15, 133, 138, 167, 176-177. La última columna comprende tanto las entregas en efectivo como los documentos descontados. Los préstamos están clasificados en tres grupos: 1) préstamos otorgados y al menos parcialmente entregados; 2) préstamos otorgados pero nunca entregados; 3) préstamos otorgados de los que Potash no dice si fueron o no entregados. En cada grupo los préstamos están ordenados de mayor a menos. Algunos de los préstamos fueron entregados en varias remesas, incluso en diferentes años, pero los datos de Potash al respecto no son completos. | ||||||
Fuente: Ibarra Bellon, Araceli “El Comercio y el poder en México, 1821-1864”, Fondo de Cultura Económica/ Universidad de Guadalajara, México, p. 210-211 |
- Importe aprobado
- Importe entregado
Em meados da década de 1830, o excesso de moeda de cobre tornou-se intolerável. Sua circulação representava uma dívida pública excessivamente cara, em virtude da falsificação generalizada, e gerava pressões inflacionárias. Para sanear as relações entre as finanças públicas e a política monetária, foi necessário remover moedas de cobre das mãos do público. Inicialmente, com essa intenção surgiu o Banco Nacional de Amortização da Moeda de Cobre (1835-1842).
De fato, este banco além de cumprir plenamente sua missão oficial também começou a extrapolar suas atribuições para o benefício pessoal de políticos e agiotas envolvidos na administração da renda do monopólio do tabaco e, de maneira mais geral, do dinheiro público, cuja administração o governo havia delegado diretamente nas contas do banco ou indiretamente colocado nas mãos de seus credores.
Sobre o Banco Nacional de Amortização da Moeda de Cobre, são oferecidas quatro fontes originais digitalizadas:
Durante esse período (1824-1864), os créditos foram principalmente concedidos por pessoas físicas, com a notável exceção do Banco de Avío. Esses empréstimos foram feitos ao Estado (pelos agiotas), mas também a agentes produtivos privados e, inclusive, a famílias relativamente abastadas que, em seu meio social, podiam se posicionar como sujeitos de crédito para consumo. Em geral, dadas as poucas expectativas de estabilidade (agravadas durante a guerra com os Estados Unidos), os circuitos de dinheiro eram limitados às redes de comerciantes e políticos, em um contexto informal de negócios francamente pessoal ou quase pessoal.
Famílias poderosas como Escandón ou Martínez del Río foram protagonistas deste período na história financeira do México. Também foram importantes empresas familiares, como Bermejillo y Compañía, estudada por Tayra González Orea em Métodos de financiamento agrícola no México: o caso da empresa bancária Bermejillo y Compañía, 1848-1860 (artigo baseado em sua tese Redes empresariais e familiares em México: o caso da família Bermejillo, 1850-1911, México, 2008).
No México, a criação do primeiro banco privado com características modernas está relacionada às expectativas positivas associadas à proclamação do Segundo Império e ao contexto internacional de expansão econômica da chamada primeira globalização. Em 1864, surge o Banco de Londres, México e América do Sul com capitais majoritariamente ingleses (resultado de modificações legais britânicas em relação a bancos estrangeiros) e que operava como um banco inglês: priorizando o financiamento do comércio exterior, o crédito comercial e os créditos de curto prazo (quanto ao financiamento do governo e os empréstimos para investimento).
O fato do banco ter começado a imprimir seus próprios bilhetes é muito importante, o que, na ausência de legislação nesse sentido, o levou a operar dentro de uma experiência bancária livre (free banking) verdadeiramente sui generis. Em perspectiva histórica, essa introdução do papel-moeda pode ser considerada o maior legado do banco.
Em relação às suas contribuições financeiras, o Banco de Londres dedicou boa parte de seus recursos monetários à comercialização de prata. Seus investidores confiavam no extenso tecido de contatos comerciais, de mineração e políticos que haviam sido a base da outrora poderosa empresa de Manning e Mackintosh da Cidade do México. Sendo correspondente do banco Baring de Londres, essa empresa havia desempenhado um papel importante na introdução de mercúrio no país e, por sua vez, na exportação de prata.
Bibliografia Selecionada
Porém, fora das redes nacionais do contexto da mineração, o Banco de Londres, México e América do Sul realmente circunscreveu suas operações à extensão territorial da Cidade do México. De fato, suas notas não circulavam além da capital. Quando a república foi restaurada e negaram-se as dívidas do império (principalmente as contraídas com a Inglaterra), as notas foram oficialmente marginalizadas, tanto que não podiam ser para pagar a burocracia e nem pagar impostos, apesar da restauração republicana adotar a imagem onipresente de Juarez nas notas.
O primeiro sistema bancário nacional (do início ao declínio)
Durante os primeiros anos de operação do Banco de Londres, México e América do Sul (BLM & SA) no país, houve um ambiente político e social conturbado que pouco beneficiou a prosperidade dos negócios. Alguns anos depois, uma vez consumada a restauração republicana, foram lançadas as bases de uma relativa estabilidade política de forma que o setor bancário começou a florescer.
O monopólio do BLM & SA terminaria em 1881, pois naquele ano as negociações entre banqueiros estrangeiros (representados por Edouard Noetzlin) e os representantes do regime levaram ao estabelecimento do Banco Nacional do México, com a ajuda do Banco Franco-Égyptienne e da Société Générale, ambas instituições de origem parisiense, bem como um grupo heterogêneo de investidores dos principais centros financeiros da Europa.
Posteriormente, foram constituídos o Banco Mercantil Mexicano (1882) e o Banco de Empregados (1883), ambos com o poder de emitir meio circulante a nível nacional. Nesse período, outros eventos relevantes ocorreram: como a montagem do primeiro banco especializado em crédito de longo prazo estabelecido antes da regulamentação de 1884, o Banco Hipotecário Nacional (1883), e a concessão de emissão de meio circulante ao Monte de Piedade.
Em Chihuahua, o congresso local autorizou concessões para vários bancos emissores nas décadas de 1870 e 1880, sendo o Banco de Santa Eulália o primeiro banco local tanto no estado quanto a nível nacional, porém essa concessão garantia apenas as operações dentro da demarcação do mesmo estado.
Na primavera de 1884, com a aprovação do governo, então sob Porfirio Díaz, o Banco Mercantil Mexicano e o Banco Nacional Mexicano se fundem, dando origem ao Banco Nacional do México, sendo desde o seu nascimento o banco da Tesouraria Geral. A primeira fase da conformação do sistema bancário mexicano foi operada sob o Código Comercial de 1854, de modo que a regulamentação era praticamente inexistente. Neste período, foi emitido o Código Comercial de 1884, no qual foram estabelecidas as bases da regulamentação bancária. A nova legislação procurou ordenar as práticas do setor bancário, estipulando o percentual de reservas de caixa, bem como a transparência na área de informações financeiras. Por outro lado, atribuiu ao Estado um papel de liderança na formação da estrutura do banco, o que provocaria uma controvérsia acirrada, uma vez que o Código de 1884 colocaria BLM & SA em desvantagem e, por outro lado, beneficiaria o Banco Nacional do México.
As condições estabelecidas na concessão permitida ao Banco Nacional do México, juntamente com as atribuições que a nova legislação atribuída ao Estado, implicaram na prática o monopólio da emissão ao Banamex. Além disso, o código estipulava que os bancos deveriam ter domicílio legal no país, o que deixava incerta a situação do BLM & SA tanto pelas objeções à sua natureza jurídica quanto pelos privilégios concedidos ao seu principal concorrente.
A solução para essa situação controversa, foi estabelecida de duas maneiras: primeiro, a BLM & SA adquiriu o Banco dos Empregados, uma instituição com capital reduzido e uma concessão em vigor para operar e emitir bilhetes. Dessa forma, o banco conseguiu continuar operando e, por sua vez, deixou de ser uma agência do Banco de Londres. Uma segunda maneira foram as negociações realizadas pelos diretores europeus de ambas as instituições.
O crescimento do setor bancário sob a égide do regime Porfirista foi notável. No período, foram fundados vários bancos emissores, bancos hipotecários e bancos refaccionarios, além de instituições de crédito às quais não se exigiam concessão para realizar suas operações. Nos últimos anos do regime de Porfiriato, havia 35 bancos com concessão federal que, com sua rede de correspondentes e agências filiais, aprofundaram a cobertura territorial do sistema financeiro mexicano e financiaram diversos setores da economia.
[Nota do tradutor: sem um termo adequado em português, os bancos refaccionarios foram criados pela lei de 19 de março de 1897, durante o governo de Porfirio Díaz. Segundo o art. 3º da dita lei os bancos refaccionarios eram aqueles “estabelecimentos destinados principalmente para facilitar as operações mineradoras, agrícolas e industriais, por meio de empréstimos privilegiados, mas sem hipoteca, concedendo sua garantia para operações determinadas e emitindo títulos de crédito de curto prazo, que produzem uma renda proveniente dos juros e são pagos em datas fixas”. Ver: http://www.memoriapoliticademexico.org/Textos/5RepDictadura/1897LGD.html. Acesso em: 30 dez. 2019].
Embora o Código Comercial de 1884 modificasse a estrutura bancária e fornecesse ferramentas reguladoras ao Estado, ele seria substituído em 1889. O novo código detinha apenas um artigo relacionado à regulamentação bancária, estabelecendo que as instituições de crédito seriam regidas por uma lei especial, que seria promulgada até 1897.
Bancos com concessão vigente (1909)
Nome da instituição | Ano da fundação | Capital |
Banco Nacional de México | 1881 | $32,000,000 |
BLM&SA | 1864 | $21,500,000 |
Banco Minero de Chihuahua | 1897 | $5,000,000 |
Banco de Durango | 1891 | $2,000,000 |
Banco de Zacatecas | 1891 | $1,000,000 |
Banco de Nuevo León | 1892 | $2,000,000 |
Banco del Estado de México | 1897 | $3,000,000 |
Banco de Coahuila | 1897 | $1,600,000 |
Banco de San Luis Potosi | 1897 | $1,100,000 |
Banco de Sonora | 1898 | $1,500,000 |
Banco Occidental de México | 1898 | $1,500,000 |
Banco Mercantil de Veracruz | 1898 | $3,000,000 |
Banco de Jalisco | 1898 | $6,000,000 |
Banco Mercantil de Monterrey | 1899 | $2,500,000 |
Banco Oriental de México | 1900 | $8,000,000 |
Banco de Guanajuato | 1900 | $3,000,000 |
Banco de Tabasco | 1901 | $1,000,000 |
Banco de Hidalgo | 1902 | $1,000,000 |
Banco de Tamaulipas | 1902 | $2,500,000 |
Banco de Aguascalientes | 1902 | $600,000 |
Banco de Morelos | 1903 | $1,000,000 |
Banco de Querétaro | 1093 | $1,000,000 |
Banco de Guerrero | 1906 | $500,000 |
Banco Penínsular de México | 1890 | $16,500,000 |
Banco Central Mexicano | 1898 | $30,000,000 |
Banco Mexicano de Comercio e Industria | 1906 | $10,000,000 |
Banco Refaccionario de Michoacán | 1903 | $600,000 |
Banco Refaccionario Comercial | 1902 | $200,000 |
Banco de Campeche | 1903 | $1,000,000 |
Banco de la Laguna, Refaccionario | 1908 | $600,000 |
Banco Hipotecario Internacional de México | 1882 | $5,000,000 |
Banco Hipotecario de Crédito Territorial | 1900 | $5,000,000 |
Fuente: Gómez-Galvarriato, Aurora; A Transformação do Sistema Bancário de Porfiriato para 1925, Colóquio O Banco Nacional do México na Vida Econômica do México 1884-2014. O Colégio do México 10 de dezembro de 2014.
O declínio do primeiro sistema bancário
O movimento revolucionário travou um combate contra o sistema bancário, que já havia sido enfraquecido pelos problemas econômicos ocorridos no final do Porfiriato, então alguns bancos fecharam. Apesar disso, a maioria permaneceu de pé e, durante o governo de Francisco I. Madero, a relação entre o banco e o governo não se alterou drasticamente, a prova disso é que o Banamex continuou a funcionar como banco estatal, como havia sido durante o Porfiriato.
Em fevereiro de 1913, estourou o golpe de Estado denominado “El Cuartelazo” que acabou com o governo e a vida de Francisco I Madero, presidente constitucional do México, e permitiu que Victoriano Huerta subisse ao poder. Este evento marcou o início do colapso do sistema bancário do regime porfirista, então composto por 24 bancos emissores, cinco bancos refaccionarios e três de hipoteca. De alguma forma, todos os bancos sofreram o impacto na economia causado pela revolução Maderista, que começou em 1910 e culminou na chegada de Madero à presidência em novembro de 1912. Por razões desconhecidas, o banco mais afetado foi o Banco Central Mexicano, o terceiro devido ao tamanho de seu capital, que em dezembro daquele ano estava à beira da falência. Em 1913 houve uma crise bancária e no balanço de pagamentos que começou com a fuga de capitais após o golpe e terminou no final daquele ano com uma corrida bancária que tornou inevitável o estabelecimento do curso forçado, ou seja, da inconversibilidade. Novamente, o banco mais afetado foi o Central Mexicano, já enfraquecido, que declarou suspensão de pagamentos, com efeitos sistêmicos devido à sua posição no sistema financeiro.
A guerra continuou com grande intensidade em 1914 e 1915. Foi acompanhada por uma hiperinflação causada pela enorme quantidade de emissões revolucionárias de papel moeda. Em 1914, houve o triunfo dos revolucionários sobre Huerta, mas em 1915 os exércitos revolucionários retornaram aos campos de batalha para enfrentar-se entre si. O triunfo correspondeu aos constitucionalistas, liderados por Venustiano Carranza, permitindo-lhe retomar o controle do poder executivo. O novo governo impôs a utilização do papel-moeda revolucionário como meio de pagamento legal em todo o país. Os bancos pararam de emitir bilhetes. Em 1916, a inflação continuou após a tentativa do governo de colocar em circulação uma nova emissão de cédulas “infalsificáveis”, com as quais planejava retirar todo o papel-moeda revolucionário em circulação. O experimento falhou, forçando o governo a retornar ao padrão monetário metálico.
No final de 1916, quando tudo tinha acabado para o papel-moeda, Carranza colocou os bancos emissores de escanteio, especialmente por conceder empréstimos ao usurpador.
A finales de 1916, cuando todo había acabado para el papel moneda, Carranza sentó a los bancos de emisión en el banquillo sobre todo por haber otorgado préstamos al usurpador. Les impuso un Conejo de Incautación y los obligó a operar con las puertas cerradas al público.
Ele impôs um Conselho de Expropriação e os forçou a operar com as portas fechadas ao público. Nessa circunstância, permaneceram de 15 de dezembro de 1916 a 31 de janeiro de 1921. Os bancos repreendidos também sofreram a imposição de uma série de empréstimos ao governo que acabaram com suas reservas de metal. Em fevereiro de 1917, foi aprovada a nova Constituição, com uma reforma do artigo 28, que estabelece a criação de um único banco emissor, controlado pelo governo, que substituiria os bancos privados nessa função. Nos anos seguintes, um número importante de projetos foi apresentado no Congresso para a criação de um banco emissor único, alguns enviados por Carranza e Obregón, sem que nenhum deles obtivesse a aprovação dos legisladores.
Quando Obregón devolveu os bancos a seus proprietários, apenas 5 dos 24 bancos emissores conseguiram reabrir suas portas ao público. A deterioração de suas carteiras de crédito somou-se às dívidas do governo, tanto os empréstimos concedidos a Huerta como os obrigados por Carranza. O governo de Obregón reconheceu o problema dos bancos desde o decreto de 31 de janeiro de 1921, em que pôs fim à expropriação. Em 1924, ele organizou uma Convenção Bancária para tratar desses assuntos e preparar uma reforma da lei bancária, publicada no final daquele ano. Ele assinou acordos com os bancos nos quais reconheceu uma parte das dívidas e se obrigou a pagá-las nos anos seguintes. De fato, nenhum banco recuperou toda a dívida cobrada do governo. Para a maioria, essa circunstância se mostrou letal. A Comissão Nacional de Bancos publicou em 1928 a lista de bancos em liquidação. Ali se encontravam 18 dos 24 bancos emissores, dois dos cinco bancos refaccionarios (entre eles a Central Mexicano) e um dos bancos hipotecários. Os oito bancos emissores que sobreviveram foram: o Banco Nacional do México, o Banco de Londres e México, Banco de Sonora, Banco de Tamaulipas, Banco de Nuevo León, Banco do Estado do México, Banco Mercantil de Monterrey e o Banco Ocidental do México.
Em agosto de 1925, foi fundado o Banco do México, com o monopólio da emissão de moeda aprovado na Constituição de 1917. Assim, foi cumprido o projeto mais importante da reforma bancária constitucional, anunciado por Carranza em 23 de setembro de 1913 na Câmara de Hermosillo, quando afirmou que com a vitória da revolução seria estabelecido um único banco emissor, com a missão de orientar o crédito bancário com base nos interesses da Nação. Em pouco tempo, o Banco do México se tornou um banco central moderno, com todas as funções inerentes a essa condição.